domingo, 14 de novembro de 2010

Chagas eternas

Aquele rapaz dos meus sonhos, que sempre me olhava com ternura, eu vi, olhei-o e reparei que os olhos eram iguais aos meus, olhei as mãos e vi que eram como as minhas; contei-lhe as minhas loucuras e ele riu-se, notei que os dentes eram brancos como os meus. Depois, ansiosa, deixei-me levar pela sua alma, com tantos Homens "iguais" a mim foi apenas naquele que encontrei um refugio, o refugio do amor.
Ele apertava sempre a minha mão com carinho, tinha uma voz doce e fresca, mas depois a força terrível e única dos nossos abraços, a inquebrável cadeia dos nossos seres juntos e a indestrutível resistência da muralha erguida na nossa relação, quebrou-se, o nosso império desmorenou e eu fiquei aqui como sempre estive, com o peito ensanguentado e duvidoso, difícil de confortar, mas não tenhas medo de confessar que me sugaste o sangue, que me engravatas-te chagas eternas no meu corpo, não tenhas medo de apagar as minhas queimadas e as fogueiras, de desvendar os meus segredos, os mistérios e destruir todos os meus jogos. Não tenhas medo que eu não te odeio, apenas ficaram em mim mágoas incalculáveis, que no tempo vão ficando esquecidas, pelas memórias, mas não por mim.
O meu Coração é agora um cofre selado, que só se pode abrir com quem tiver a chave mestre.
(texto antigo, para ninguém em particular. 2009)

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